segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O que significa crer em Jesus?

Dois dias depois, houve um casamento no povoado de Caná, na região da Galileia, e a mãe de Jesus estava ali. Jesus e os seus discípulos também tinham sido convidados para o casamento.
Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse:
— O vinho acabou.
Jesus respondeu:
— Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora.
Então ela disse aos empregados:
— Façam o que ele mandar.
Ali perto estavam seis potes de pedra; em cada um cabiam entre oitenta e cento e vinte litros de água. Os judeus usavam a água que guardavam nesses potes nas suas cerimônias de purificação.
Jesus disse aos empregados:
— Encham de água estes potes.
E eles os encheram até a boca.
Em seguida Jesus mandou:
— Agora tirem um pouco da água destes potes e levem ao dirigente da festa.
E eles levaram. Então o dirigente da festa provou a água, e a água tinha virado vinho. Ele não sabia de onde tinha vindo aquele vinho, mas os empregados sabiam. Por isso ele chamou o noivo
e disse:
— Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os convidados já beberam muito, servem o vinho comum. Mas você guardou até agora o melhor vinho.
Jesus fez esse seu primeiro milagre em Caná da Galileia. Assim ele revelou a sua natureza divina, e os seus discípulos creram nele.

João 2.1-11, (NTLH-SBB)


Este texto é bastante conhecido, provavelmente hoje não é a primeira vez que o vemos… e o que geralmente nos chama a atenção é o milagre. Os milagres fascinam muitas pessoas; crentes e descrentes fazem quase as mesmas perguntas: “Como isso foi possível?”, ou, “Qual o significado por detrás disso?”; coisas extraordinárias chamam a nossa atenção. Mas hoje eu quero chamar a atenção para algo ainda mais extraordinário, no último versículo onde lemos: “… e os seus discípulos creram nele” (João 2.11). O que significa crer em Jesus? O que isso tem de extraordinário? É sobre isso que vamos refletir.


“O Brasil é um país cristão”, é o que muita gente diz. O censo do IBGE de 2010 traz que 86,8% da população brasileira se declara como cristão; destes 86,8%, 64,6% são católicos, 22,2% são evangélicos. Então, de fato, o Brasil é um país cristão!? Não sei… quando comparo estes dados com a realidade, parece que alguma coisa não bate. Se a grande maioria dos brasileiros é cristão, como explicar tanta maldade, tanto crime, tanta violência, tanta corrupção?

Arrisco que boa parte destes “cristão” são “cristãos” apenas de nome; são cristãos que não crêem em Cristo.

Há alguns dias, o pastor Jacson compartilhou no Facebook uma frase do pastor estadunidense Mark Discroll: “Você pode ter sido batizado na igreja, criado na igreja, servido na igreja. Pode ser que tenha se casado na igreja, morrido na igreja, ter sido velado na igreja e ainda assim acordar no inferno caso esteja somente na igreja e não em Cristo.”. Será que essa é a nossa realidade?

Caio Fábio, também pastor, disse uma vez que o grande problema do crente é que ele acha que o Evangelho serve para todo mundo, menos para ele – ele já é evangélico. Essa é a mentalidade religiosa, de quem está somente na igreja e não em Cristo.

Tem pessoas que pensem que para ser cristão basta cumprir algumas obrigações: ser batizado, fazer confirmação, frequentar alguns cultos (nem precisa ser todo final de semana!), dar dinheiro na igreja, se envolver em uma ou outra atividade… e já está bom. Por exemplo: já viram como a igreja não fica tão cheia, nesses meses de janeiro, fevereiro? Em outros meses também acontece isso… mas talvez nós notemos com mais facilidade porque no Natal a igreja estava lotada! Natal, Páscoa, Confirmação e outras datas, geralmente, a igreja lota. Por que não nos outros dias?

Quantos confirmandos desaparecem depois da Confirmação? Outros, vem de vez em quando. Certificado de confirmação NÃO é diploma; instrução não é como na escola, em que você conclui as matérias e não precisa mais vir. Tem gente que pensa assim: “Ufa! Pronto”. Quer dizer: estou pronto… pronto para começar, né!?

Por que digo isso? Bom, vamos olhar um pouco antes do texto que lemos hoje, em que Jesus estava em uma festa de casamento com os seus discípulos. No final do primeiro capítulo, João registra como Jesus chamou os seus primeiros discípulos.



No dia seguinte, Jesus resolveu ir para a região da Galileia. Antes de ir, foi procurar Filipe e disse:
— Venha comigo!
Filipe era de Betsaida, de onde eram também André e Pedro.
Filipe foi procurar Natanael e disse:
— Achamos aquele a respeito de quem Moisés escreveu no Livro da Lei e sobre quem os profetas também escreveram. É Jesus, filho de José, da cidade de Nazaré.
Natanael perguntou:
— E será que pode sair alguma coisa boa de Nazaré?
— Venha ver! — respondeu Filipe.
Quando Jesus viu Natanael chegando, disse a respeito dele:
— Aí está um verdadeiro israelita, um homem realmente sincero.
Então Natanael perguntou a Jesus:
— De onde o senhor me conhece?
Jesus respondeu:
— Antes que Filipe chamasse você, eu já tinha visto você sentado debaixo daquela figueira.
Então Natanael exclamou:
— Mestre, o senhor é o Filho de Deus! O senhor é o Rei de Israel!
Jesus respondeu:
— Você crê em mim só porque eu disse que tinha visto você debaixo da figueira? Pois você verá coisas maiores do que esta.
Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.

João 1.43-51 (NTLH-SBB)


Repararam nas palavras de Jesus? “Você crê em mim só porque eu disse que tinha visto você debaixo da figueira? Pois você verá coisas maiores do que esta.” (v. 51). É como se Jesus dissesse: “Ficou impressionado, né!? Acha que já viu muita coisa? Então se prepare, que isso é só o começo…”

Que coisas maiores seriam essas? Os milagres? Pode ser. Mas João escreveu que com esse milagre Jesus “revelou a sua natureza divina”, ou, na tradução de Almeida (ARA): “manifestou a sua glória”, e, por isso, “os seus discípulos creram nele” (v. 11). A tradução NIV, em inglês, está assim: “put their faith in him”, isto é, “colocaram a sua fé nele”.

Os evangelhos relatam uma série de milagres – ou sinais, na tradução de Almeida – feitos por Jesus, como a multiplicação de pães, peixes, andar sobre as águas, expulsar demônios, curas, ressuscitar mortos, entre tantos outros. Tantos, que, como João escreve no final do seu Evangelho, “não caberiam em todos os livros do mundo”… mas, os que estão ali registrados tem uma finalidade: “estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele” (João 20.31). Os milagres que Jesus fazia tinham todos um só objetivo: “manifestar a sua glória”; “revelar a sua natureza divina”; mostrar que ele era o Filho de Deus, o Salvador do mundo, o Messias que Deus havia prometido!

Esse é o grande milagre: quando nós cremos em Jesus. Mas, afinal… o que significa crer em Jesus? 


Muita gente acredita em Jesus – acredita que ele fazia milagres, acredita que ele era um mestre, acredita que ele morreu em uma cruz. Mas crer em Jesus é mais que isso: crer em Jesus é aceitá-lo como seu Salvador, com seu Senhor; é crer que ele é o Messias, o Filho de Deus.

A definição que trago aqui não é minha, mas do pastor Ed René Kivitz: “Crer em Jesus é muito mais do que simplesmente acreditar que ele existiu. Crer, conforme a linguagem bíblia, é confiar, é depender, é render-se em entrega aos cuidados. Crer em Jesus implica um relacionamento de adoração, que nos coloca em condições de experimentar a vida com a qualidade divina: vida eterna”.
Quando a Bíblia diz que devemos crer no Filho de Deus, ela está dizendo que devemos nos relacionar, interagir com ele, para podermos experimentar o amor de Deus e a vida eterna. Crer em Jesus é muito mais que admitir que ele existiu como personagem histórico ou acreditar em Deus como força criadora. Crer em Jesus implica o relacionamento pessoal com ele”.

Como isso é possível? Como nós podemos crer em Jesus desta maneira? Na carta que lemos há pouco o apóstolo Paulo explica como isso é possível: só pode dizer “Jesus é Senhor” aquele que for guiado pelo Espírito Santo! (1 Co 12.4) Em outras palavras: o Espírito Santo opera a fé no meu coração para que eu confie/creia em Jesus e o confesse como meu Salvador, como meu Senhor, e, a partir da fé, eu passo a ter um relacionamento pessoal com Jesus, de adoração, de entrega, de comunhão com ele.



É isso que os discípulos fizeram. E se Natanael tivesse ficado “na dele”, o que ele teria para contar? “Um dia Jesus me viu debaixo da figueira e sabia quem eu era!”. Ou então, se tivessem seguido Jesus só até aquele casamento? “Caraca, nós vimos ele transformar água em vinho! O cara é bom!”. Impressionante, mas… que diferença faz? 
Os discípulos seguiram Jesus, caminharam com ele em um relacionamento pessoal, de entrega, de comunhão com ele e testemunharam muitas coisas maravilhosas que Jesus fez: curas, expulsou espíritos imundos, ressuscitou mortos, ensinava com uma propriedade muito maior que de qualquer mestre da Lei, enfim, viram-no fazer muito sinais e, com isso, concluíram: Jesus é o Messias, o Filho de Deus.

Isso faz toda a diferença em nossas vidas, irmãos. Como está escrito mesmo em João 3.16? “Para que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna”. Todo aquele que crê em Jesus tem a vida eterna! E aqui, deixem eu contar mais uma coisa: vida eterna não é um projeto futuro, que começa só depois de morrer, quando ressuscitarmos… vida eterna começa aqui e agora. Vida eterna é a experiência da nova vida em Cristo, uma vida com qualidade divina pela presença de Jesus em nós.

Crer é um ato contínuo; não é algo que ficou no passado, do tipo: “Um dia fui batizado”, “Um dia fiz profissão de fé”, “Um dia fui confirmado”, “Um dia levantei a mão e disse que aceito Jesus”. Crer em Jesus é um processo, é uma caminhada, passo a passo, a cada dia. É cada dia ser transformado, ficar mais parecido com Jesus a medida que caminhamos com ele, que convivemos com ele, a medida que mais e mais estamos satisfeitos com tudo o que Deus é, para nós, em Cristo Jesus.


Crer em Jesus muda a nossa vida completamente. Muda a nossa maneira de viver, de nos enxergamos, de nos relacionar uns com os outros; muda os nossos compromissos… inclusive na igreja! A forma como eu entendo meu compromisso com a igreja faz parte deste crer em Jesus. Os cultos não são apenas parte da agenda de domingo, ou de vez em quando, mas um momento de adoração e comunhão com outras pessoas que também creem em Jesus. As atividades e programações da igreja não são obrigações que eu tenho que participar, mas oportunidades de servir a Deus e ao próximo, em amor.

Eu não conheço a vida de cada um de vocês, mas, cada um sabe de si; cada um sabe o que se passa no seu íntimo, no seu coração. E o mais importante: Deus conhece o coração de cada um. Como está o seu relacionamento com Jesus?

Se você hoje sentiu a necessidade de crer em Jesus, neste sentido que nós falamos aqui, hoje, peça ao Espírito Santo de Deus que este opere fé no seu coração. Se você sentiu que precisa se relacionar, interagir mais intensamente com Jesus, procure-o em oração! Jesus está sempre de braços abertos, para nos abraçar em seu amor. Não estou falando em rituais, ou em barganhas; nada disso… você só precisa de um coração sincero, aberto, entregue ao amor de Jesus.

Creia em Jesus e comece a experimentar já do seu amor, da vida com qualidade divina: vida eterna.

* * *

Mensagem pregada por Pedro Mülbersted Pereira no culto celebrado na Missão Palhoça em 17 de janeiro de 2015.


Textos Bíblicos

1 Coríntios 12.1-11
João 2.1-11 (e 1.43-51)

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